terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Capítulo 5

     Dias se passaram e Carlos continuou a passar o recreio comigo e com Elisa. Ele poderia passar o recreio com qualquer pessoas, porque todos gostavam dele, mas não, ele preferia ficar comigo e com sua prima nos recreios. Eu achava isso estranho, mas estava aproveitando muito. Ele era muito legal e sempre levantava o meu astral quando eu estava triste.
     Mas uma coisa não queria calar; o fato de eu ter sonhado com Carlos horas antes de o ver pela primeira vez. Não me importei mais com isso, porque essas semanas desde que ele entrou em meu caminho, foram as melhores semanas da minha vida.
     Estava Carlos e eu andando em direção à mesa da cantina em que sentávamos todos os dias. Sem Elisa, pois ela faltara a aula. Eu já o considerava meu melhor amigo, até mais pelo fato de não ter muitos meninos que sejam meus amigos. Não sei se ele me considerava assim, mas pelo modo como falava comigo parecia que éramos amigos desde criança.
     Conversamos sobre a tarefa que tínhamos para a próxima aula, só que não a fizemos. Até que ele se aproxima de mim e me beija.
       No primeiro instante fico sem respirar, e então retribuo o beijo. Era o melhor beijo da minha vida (não que eu tivesse beijado muitos rapazes... Mas mesmo assim, nenhum se compara com esse beijo), um beijo quente e que não dá vontade de parar nunca mais. Só que o sinal toca. Paramos de nos beijar, nos olhamos e vamos andando em silêncio até a sala de aula.
      Eu não entendi porque ele fez aquilo, porque ele me beijou. Ainda mais pelo o fato de eu estar em uma cadeira de rodas, que complica mais as coisas.
     Durante a aula eu não consigo prestar atenção na matéria, só ficava pensando naquele beijo. O sinal toca mais uma vez e agora é a aula de Educação Física. A aula mais chata de todas para mim, porque além de não poder praticar esportes tenho que assistir meus colegas se divertindo na, em que pra eles, é a aula mais legal de todas.
     O professor me leva até a arquibancada do ginásio, e desde para dar a sua aula. Sinto alguém tocando o meu ombro, olho para trás:
     - O que você está fazendo aqui, Carlos? -digo
     - Não estou com vontade de fazer aula de Educação Física, prefiro ficar aqui com você e lhe fazer companhia. -diz ele com o sorriso mais sincero de todos.
     - Obrigada. - digo retribuindo seu sorriso e abrindo os braços para lhe abraçar. - Porque você fez aquilo? - digo querendo saber.
     - Aquilo o que?
     - O beijo...
     - Eu pensei que você tivesse gostado. - diz Carlos com um tom de voz triste.
     - Não, eu gostei. Só queria saber o porque de você ter feito aquilo?
     - Porque eu gosto de você.
     Eu não acreditei quando aquelas palavras saíram de sua boca. Pensei que estivesse sonhando, mas não, era verdade.
     - Eu gosto de você, te acho muito bonita, legal, querida... E quero ficar com você.
     Fiquei feliz por não ter infartado naquela hora, mas meu coração parecia que iria pular do peito. Era possível isso? O menino mais gato da escola falando que queria ficar comigo.
Justo eu que era uma menina estranha, chata, feia, e além do mais, uma menina que dependia de uma cadeira de rodas para se locomover.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Capítulo 4


- Carlos.- diz ele.
- Carlos, você é aluno novo?- pergunto Ismael.
- Sim, sou sim.
- É você já conhece alguém da sala?
- Só conheço a Elisa, ela é minha prima.- quando ele fala isso, o meu coração congela. Como que um menino lindo como esse é primo da Elisa? Porque a Elisa não falou nada e nem me apresentou a ele? Eu não podia acreditar nisso...
A aula se segue até que chega ao fim. Terminam-se as aulas de Química e Geografia e agora é o recreio.
Elisa pega a minha cadeira e saímos da sala. Logo depois, Carlos (sim, ele mesmo, Carlos!) vem correndo em nossa direção e pergunta:
- Elisa, posso passar o recreio com vocês? É que eu não conheço ninguém aqui...
- Pode, claro.- diz Elisa.
Vamos andando até a cantina e nos sentamos em uma mesa. Eu ainda não acredito: o menino mais gato da escola, sem dúvidas, está passando o recreio comigo!
Logo que nós sentamos à mesa, Elisa me apresenta à Carlos e ele dá sorriso que quase me faz desmaiar.
Como esse menino era bonito, mas ele nunca olharia para mim, um menina feia, chata e ainda por cima, presa em uma cadeira de rodas.
Acaba o recreio e voltamos para a sala de aula. Nesse tempo em que o professor não chegou na sala, todos vem ao meu redor e me perguntam "O que aconteceu Bianca?" "Porque você está em uma cadeira de rodas?" "Você quebrou a perna?". Quem me dera eu só ter quebrado a perna. Eu fico muito mal nesse momento, porque além das pessoas ficarem perguntado coisas que só me lembrem o que aconteceu (coisa que eu tento esquecer todos os dias, mas é muito difícil), tem pessoas que ficam rindo de mim. Isso é a pior coisa que pode acontecer: as pessoas rirem de mim. Deixa-me tão para baixo.
Ainda bem que o professor não demora muito para chegar na sala e começar a aula. A minha maior preocupações esse ano não é com os estudos nem com os professores, é com os alunos mesmo. Alunos que não tem caráter nem educação, e acham que me zuar é a coisa mais legal de se fazer. Legal para eles! É horrível ser humilhada. Mas como as pessoas não tem educação, não se pode fazer nada.
As aulas passam rápidas demais, talvez deva ser por eu passar o tempo todo perdida em pensamentos. A última aula já acabou e os alunos vão saindo da sala. Arrumo o meu material e guardo na mochila. Vejo que Elisa já foi embora e nem me esperou, "Como vou sair daqui?". Porque no meio de tantas pessoas, eu não consigo levar a minha cadeira de rodas sozinha.
- Quer ajuda com a cadeira de rodas?- olho para trás... Não pode ser! É o Carlos.
- Quero sim, obrigada.- digo.
Ele pega em minha cadeira e me guia até o portão de saída do Colégio. Avisto minha mãe me esperando.
- Obrigada.- digo mais uma vez à Carlos.
- De nada.- diz ele indo embora.
Já dentro do carro, minha mãe me pergunta:
- Como foi o seu primeiro dia de aula filha?
- Foi... legal mãe.- não digo a ela o que aconteceu depois do recreio, não quero que ela fique triste por mim. Além do mais por ter um sorriso enorme em seu rosto.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Capítulo 3

                                           
 
 - Nossa, que menino bonito. Quem é ele? - Pergunto para minha amiga Laura.
     - Ah, ele é aluno novo, se chama Carlos.
     - Hm, Carlos... - Nós duas caímos na risada.
     - Você deveria falar com ele. Desde que terminou o namoro com o André, não ficou com mais ninguém. - me aconselha Laura.
     - É, eu vou lá falar com ele. - digo indo em direção ao garoto loiro de olhos azuis. - Oi, o meu nome é Bianca.
     - Oi, sou o Carlos.
     - Bianca, quer jogar com a gente? - São meus amigos, Leandro e Daniel, me chamando para jogar futebol.
     - Claro, já estou indo. - olho para Carlos- a gente se vê.
     - A gente se vê- diz ele retribuindo o meu sorriso.
     Futebol, a melhor coisa que existe no mundo. É tão bom passar horas e horas jogando futebol com os seus amigos... Pera aí. Futebol? Como eu estou jogando futebol se depois do acidente a minha vida se resumiu à uma cadeira de rodas?
    Claro, é um sonho. Um lindo e maravilhoso sonho que poderia ser verdade... Mas não é.
    Olho no relógio; 06:30. "ixi, vou chegar atrasada." penso.
Me levanto da cama, lavo o rosto, tomo o café da manhã, arrumo a minha mochila e peço a ajuda da minha mãe para botar o meu uniforme.
   Entro no carro e torço para hoje não ser um desastre, como a minha vida geralmente é.
   Minha para no estacionamento. Posso ver as crianças pequenas alegres, correndo de um lado para o outro, por estarem felizes que hoje é o primeiro dia de aula. Coisa que para mim, está se tornado horrível.
    Passando pelo corredor cheio de alunos, tenho vontade de chorar. Pelo modo como as pessoas me olham, percebe-se que hoje não será um dia legal.
    Finalmente. Cheguei na minha sala, pelo menos posso ficar em um canto que ninguém note a minha presença até que comece a aula.
    Na verdade, eu não tenho muitos amigos. Não amigos que eu possa de verdade contar, então não estava muito empolgada para ver ninguém, muito menos nessas condição.
   Elisa, uma menina que não é tão bonita nem magra, muito menos legal, mas é a única pessoa que me aguenta. Chega ao meu lado e diz:
    - Bianca, é você? Nossa, o que aconteceu?- pergunta ela.
   - É uma grande história.- digo, tentando mudar de assunto.
Mas é aí que eu o vejo. Um menino lindo, loiro, de olhos azuis e que toda menina gostaria de ter, acaba de entrar na minha sala.
    Eu não estava acreditando naquilo, pois era o mesmo menino que tinha sonhado horas antes. Aquele mesmo menino loiro de olhos azuis que se chamava Carlos. Como isso era possível? Era uma premonição, ou algo do tipo? Eu não sabia de nada, e tentava respirar enquanto esse menino lindo passava ao meu lado e se sentava duas carteiras atrás da mim.
   Mas uma coisa eu percebi: quase todas as meninas que estavam na sala olhavam para ele, só que ele parecia não dar bola.
    Chega de pensamentos, o professor entra na sala e a aula começa. Ele se apresenta dizendo que seu nome é Ismael e ensina Matemática. "tudo o que eu preciso, um velho rabugento que ensina Matemática". Logo depois pede para que cada um de nós, alunos, nos apresentemos. Todo mundo começa a falar seu nome conforme um sequencia, até que chega nele:
     - Meu nome é...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Capítulo 2

                             
  Entrou vários alunos na sala e começou a aula. O Ângelo se apresentou, mas muitos alunos já o conheciam. Eu não conhecia ninguém que estava nessa sala, porque mudei o horário do meu inglês por causa da Fisioterapia...
   Mal percebo, e já acabou a aula. Foi rápida e legal. Me preparo para ir andando sozinha até o ponto de ônibus para pegar o ônibus e ir para casa.
    Ano passado, quando eu ainda não estava em uma cadeira de rodas, sempre depois do inglês eu ia no clube com o meu pai. Lá eu fazia academia e depois jogava futebol com os meu amigos, coisa que não consigo mais fazer agora.
    No ônibus, tinha uma meninas que ficavam rindo e olhando para mim o tempo todo. Eu fiquei muito mal. A culpa não era minha que eu estava em uma cadeira de rodas, e elas não tinham nenhum direito de ficarem rindo de mim!
    Mas como existem pessoas más nesse mundo, existem também pessoas boas, como o homem que sentou ao meu lado e que agora está me ajudando a descer do ônibus. Desço do ônibus e pego o caminho para a minha casa.   
 No caminho, para um carro do meu lado e vejo que é o meu irmão, Lucas. Ele pergunta:
    - Quer carona?
    - É claro que eu quero. - respondo com um sorriso no rosto.
    Ele desce do carro para me ajudar a entrar. Me coloca no banco da frente e guarda a minha cadeira no porta-malas.
    Já com o carro andando, pergunto:
   - Lucas, o que aconteceu? Você está diferente.
    - Eu terminei com a Marcelle. - Marcelle era sou namorada a mais de 3 anos.
    - Como assim terminou? Vocês se amavam tanto e namoravam à tanto tempo... 
    - Chegamos! - disse Lucas mudando de assunto.
    Entro em casa e vou logo fazer um lanche, eu estava morrendo de fome. A última vez que comi foi no almoço, e agora já eram 19:15.
    Depois de comer vou direto para o meu quarto me preparar para amanhã. Porque além de amanhã ser o primeiro dia de aula, será também o meu primeiro dia de aula com uma cadeira de rodas. Não sei como os meu amigos e as pessoas da minha escola vão reagir. Tenho medo.    
Deito-me na cama e rezo. Que amanhã seja o que Deus quiser.  

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Capítulo 1


"Eu só queria voltar no tempo
Pra corrigir todos meus erros
Eu só queria estar bem perto de mim mesmo"
 
     Ouvindo no meu iPod,  dentro de um ônibus, a música que mais descreve a minha vida e os meus sentimentos.  É o meu ponto, chamo o motorista e peço-lhe para  me ajudar a descer do ônibus. Vida de cadeirante não é fácil. E eu pensei que uma coisas dessas nunca aconteceria comigo.
     Não é fácil andar por uma calçada estreita e cheia de buracos. As pessoas passam por mim como se eu não fosse ninguém, como se o fato de eu estar em uma cadeira de rodas tirasse o meu direto ser humano.
    Pronto! Apesar da dificuldades, cheguei à casa em que faço aula de inglês. Uma casa azul, grande e velha. Eu gostaria de morar em uma casas dessas, sou apaixonada por arquitetura antiga.
    Essa casa onde faço inglês tem uma escadaria enorme até a recepção, como vou fazer para chegar até a minha sala?
   Peço ajuda a uma pessoa que passa ao meu lado:
  - Com licença, você pode fazer um favor para mim? Podes chamar uma atendente para mim? Porque eu não tenho condições de subir a escada.
- Claro querida. - respondeu a moça educadamente e subiu as escadas para chamar a atendente.
  Alguns segundos depois, desce Kátia, a atendente que eu conhecia, e a moça a qual eu pedi ajuda.
   - Bianca, é você? Meu deus... - disse Kátia surpresa a me ver assim.- O que aconteceu com você, Bianca?
   - Eu sofri um acidente... - digo tristemente. - Como que eu faço subir?
   - Vamos passar lá por trás da casa, a sua sala é no andar de baixo mesmo.- Kátia pega na minha cadeira e me leva para a entrada atrás da casa.
   - Ah, obrigada Kátia. 
   Então ela me acomoda em frente a uma mesa e diz:
   - A sua aula começa daqui a 15 minutos. Eu tenho que subir agora para trabalhar, você sem importa em ficar aqui sozinha? O seu professor já deve estar chegando.
   - Não, vai lá trabalhar, eu fico bem aqui.
   Depois de 10 minutos alguém entra na sala. Um homem careca que
     veste uma camisa branca e uma calça jeans. Só depois de colocar os livros na mesa, ele percebe que estou ali.
    - Ah, oi... Qual é o seu nome?- diz ele.
    - Bianca. -digo.
    - Prazer Bianca, eu sou o Ângelo. - eu já conhecia o Ângelo de vista, mas nunca tive uma aula com ele. As pessoas falavam que ele era o professor mais legal da instituição que eu fazia inglês. Então, esse seria um dos meus menores problemas para esse ano.

   
   
"É melhor começar agora a dar valor para as coisas que tem, para não se arrepender quando não tiver-lás mais."

Capa

Gente, eu fiz um capa para o meu livro. Fiz no IPad, por isso não está grande coisa. É difícil desenhar no iPad. Haha, espero que gostem =)

Dias de Chuva

Oi gente. Há algum tempo eu tenho vontade de escrever uma história. Então nesse blog irei escrever um linda, sofrida e magnífica história. Espero que vocês gostem. Procurarei postar todos os dias. Comentem se vocês estão gostando ou não. Não é uma história real, mas tem coisas do meu cotidiano...
Estou muito ansiosa, espero que gostem muito!
Beijos