segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Capítulo 9

O meu celular toca, é o sinal de mensagens. É uma mensagem do Carlos, e está escrito:

"Amor, aconteceu uns probleminhas e eu tive que ir. Desculpe não ter te esperado acordar, eu tinha que resolver na hora. Beijos, te amo. "
 
    Eu não sabia que "probleminhas" tinham acontecido com ele, mas confiava muito em Carlos e não liguei para isso. Hoje era sábado e eu iria com a minha família para a nossa casa de praia. Meus pais já estariam chegando da viajem que fizeram para a França, então fui arrumar a minha mala para quando ele chegassem, irmos direto para a praia.
     Carlos iria ficar na cidade,  não iria para a praia comigo. Mas quando eu estava no carro à caminho da praia, ele ficou
me mandando um monte de mensagens fofas no meu celular.
     Quando chegamos na praia, vou direto para o meu quarto. Nós tínhamos uma apartamento bem pertinho da praia, e o meu quarto tinha uma ótima vista para o mar. Arrumei as minhas roupas, tirei tudo da mala e as botei no guarda-roupas.
     Depois fui com a minha cadeira de rodas até a sacada de meu quarto e fiquei observando a praia. Fiquei observando as pessoas pegando sol, brincando, tomando banho de mar, se divertindo... Eu sentia falta daquilo. Amava ir à praia, tomar banho de mar. Como não tinha movimento nas pernas, era difícil eu ir tomar banho de mar. Só fui uma vez depois do acidente, com a ajuda de meu pai. Mas como era muito trabalhoso, eu ficava apenas na sacada observando a praia, enquanto as pessoas se divertiam lá em baixo.
     - Bianca, vem comer! - era minha mãe me chamando para tomar café da tarde.
     Saio do meu quarto e vou em direção à sala de jantar. Eu enchi o meu prato com dois pães, uma maça e uma barra de chocolate Kit Kat, o qual eu era loucamente apaixonada. Me assustei quando vi o tanto de comida que coloquei em meu prato, mas me assustei mais ainda quando acabei de comer e percebi que o prato estava vazio.
     Esses últimos meses eu estava comendo muito, e exageradamente. Depois de tantas frustrações, decepções e tristezas, eu comia para me alegrar. Era quase como uma droga para mim. Mas isso era um problema, porque eu estava engordando. E já que eu não posso mais fazer nenhuma atividade física por estar em uma cadeira de rodas, o meu peso só tende a aumentar. Assusto-me ao me olhar no espelho quando saio do banho, eu tenho que fazer alguma coisa urgente. Mas como, se sou incapaz de fazer qualquer atividade física?
     Procurando por informações na internet, encontrei o Surfe para Deficientes. Fiquei maravilhada com a manchete:

"Surfe adaptado transforma deficientes físicos em exemplos de superação em Santa Catarina."

     Santa Catarina era o estado em que eu vivia, e fiquei feliz em saber que poderia voltar a surfar. O surfe sempre foi um dos meus esportes preferidos, e agora depois de tudo o que aconteceu, eu poderia voltar a surfar. 
     Apressadamente ligue para o número que estava no site para me informar sobre isso. A atendente me falou que qualquer deficiente físico pode participar, é gratuito e que todo domingo tem aula. Amanhã era domingo, e eu estava muito ansiosa para a minha primeira aula. Fui dormir com um belo sorriso no rosto.