domingo, 29 de abril de 2012

Capítulo 15

O apartamento em que morávamos ficava na Barra da Tijuca, e era de frente para o mar. Em pouco tempo morando ali, eu já conhecia muitos de meu vizinhos. Um deles era o Eduardo Tchau, repórter da Globo, que morava no andar acima do meu. O filho dele se chamava Pedro, tinha 10 anos, e amava vir no meu apartamento brincar comigo, principalmente jogar futebol no video-game.


As coisas estavam andando perfeitamente, algo que estranhei, pois nada de bom que acontecia em minha vida durava por muito tempo. Minha mãe trabalhava de gerente em um restaurante, o que me obrigava a ficar sozinha todas as noites em casa. Mas eu já estava acostumada e conseguia me virar sozinha, pois minha casa era totalmente acessível para mim.


21h30, estou vendo a novela da Globo, quando toca o interfone:


- Alô.


- Oi Bianca, aqui é o Eduardo. - diz Eduardo, o meu vizinho do andar de cima - Eu estou fazendo um jantar aqui em casa, convidei um amigo meu, e gostaria que você viesse jantar conosco, já que está sozinha em casa.


- Ah Eduardo, obrigada, já estou indo então. - digo.


- Ta bom, tchau. - diz ele.


Vou rápido para meu quarto e procuro uma roupa bonita para vestir. Eu já conseguia me vestir, só que era complicado sem a ajuda de minha mãe. Coloquei um shorts e uma regata, pois era verão e no Rio de Janeiro estava muito quente. Prendi o meu cabelo em um rabo de cavalo e fui para o apartamento de Eduardo.


Chamei o elevador e apertei no número 14. Cheguei no andar e toquei a campanhia. Eduardo me recebeu, estava com um shorts jeans e uma camisa azul, totalmente diferente de como aparece nos jornais. Ele se abaixo e me cumprimentou no rosto.


- Oi Bianca. - disse ele.


- Oi. - eu disse.


Passei por ele e fui em direção à sala. No caminho vi Aline, sua esposa, que também era repórter mas da Rede Bandeirantes, e me cumprimentou.



- Bianca, vem aqui na sala, olha quem está aqui. - eu não tinha a mínima ideia de quem poderia estar ali na sala, mas não esperava muito.



Quando passei pela poltrona e cheguei na sala; o meu coração parou, o meu cérebro congelou e só o que senti foram lágrimas escorrendo dos meus olhos.

domingo, 22 de abril de 2012

Capítulo 14

Meses se passaram, chegara 2012, minha mãe havia comprado um apartamento na Barra da Tijuca. Eu estava amando morar no Rio, mas eis que chega o dia, o meu primeiro dia de aula do ano. Hoje faz um ano desde que conheci Carlos... Ah Carlos, agora ele era para mim um estranho, só as lembranças podiam avisar que um dia ele existiu em minha vida.
Arrumei a minha bolsa, vesti o meu uniforme e fui para a escola. Eu estava nervosa, não sabia como as pessoas iriam me tratar por eu ser diferente. Além de nervosismo, alegria e ansiosidade me tomavam.
Andando pelo corredor da escola, percebo que o olhar das pessoas para mim não é de estranheza nem de pena, mas sim de normalidade. Eu me senti tão bem. Cheguei ao final do corredor e encontrei a minha sala, entrei nela e vi que estava vazia. Fui então até uma mesa e tentei puxar a cadeira para por a minha cadeira de rodas no lugar, mas fracassei, a cadeira era muito pesada e não consegui movê-la. Sinto um toquei no meu ombro, olho para trás; uma menina de cabelos longos e escuros, olhos verdes e eu sorriso enorme em seu rosto:
-Precisa de ajuda? - pergunta ela.
- Sim. - digo sorrindo, então afasta a cadeira e põe minha cadeira no lugar. - obrigada.
- De nada. - diz ela. - qual o seu nome?
- Eu sou Bianca, e você?
- Me chamo Mariana. Você não é daqui, né?
- Não, eu sou de Santa Catarina. - digo a ela.
- Hm, que legal. Porque você veio para cá? - pergunta Mariana.
- Minha mãe foi transferida do trabalho. - digo apenas isso, não estava pronta para falar do que aconteceu com Carlos, do que o meu pai fez... Nós estávamos nos conhecendo, e Mariana parecia um menina legal.
Observo dois meninos lindo vindo em minha direção. Eles passam por mim e cumprimentam Mariana com um beijo no rosto. Logo em seguida ela diz:
- Ah meninos, essa aqui é a Bianca, ela veio de Santa Catarina. - ela aponta para o menino da direita, de cabelos castanhos e olhos bem escuros. - esse é o Lucas. - em seguida aponta para o menino da esquerda, loiro e com cara de surfista. - e esse é o Thomas.
- Oi. - digo a eles. E eles retribuem o meu "oi". Sentam-se perto de mim e Mariana. Pouco tempo depois chega o professor e começa a aula.
Eu estava amando o Rio de Janeiro, eu estava amando a minha escola, e eu estava amando os meus novos amigos; Mariana, Lucas e Thomas. Além disso, eu também estava amando o jeito como as pessoas da escola me tratavam, como uma pessoa normal. Uma das coisas que um deficiente mais quer na vida, é ser tratado como "gente".

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Leitoras,
Eu comunico a vocês que estou abandonando a minha história.
Pelo motivo de eu ter pouco tempo de escrever e de poucas pessoas lerem e comentarem no meu blog. Se você não quer que eu abandone a história, é só comentar. E então continuo com a história para quem quiser ler (e garanto que o final está imperdível).
Então fica assim, se você quer mais, quer a continuação da história, comente aqui. :)

sábado, 17 de março de 2012

Capítulo 13

     - Atenção aos passageiros do vôo 557, Florianópolis para Rio de Janeiro, embarque no Portão 5. - eu e minha mãe pegamos nossas malas e fomos em direção ao Portão 5.
     Entrando no avião, senti um frio na barriga. Por mais que tenha pensado a respeito dessa viagem,  eu ainda não tinha certeza de minha decisão. Mas me sentei no acento e esperei o avião decolar.
     Um mix de lembranças e sentimentos passaram pela minha cabeça enquanto sobrevoávamos  a cidade do Rio de Janeiro até pousar no aeroporto. Nós ainda não tínhamos aonde morar, então ficaríamos hospedadas em um hotel até minha mãe comprar uma casa.
     Chegando no hotel, surpreendi-me com a movimentação, cheia de pessoas com camisas azuis fazendo muito barulho na frente da entrada. Passando pela multidão de pessoas, com minha mãe guiando a minha cadeira, percebi que eram torcedores do Cruzeiro. Meu coração gelou quando entendi o que se passava ali.
   Era a final do Campeonato Brasileiro e o time do Cruzeiro estava no Rio para decidir a final contra o Flamengo, o maior rival do meu time. Eu não acreditava que estava hospedada no mesmo hotel que os jogadores do Cruzeiro, no mesmo hotel que estava hospedado o Montillo...
     Montillo era um jogador argentino de 27 anos, o qual eu era uma grande fã. Por amar futebol, eu era apaixonada por vários jogadores, e um deles era o Montillo.
     Quando chegamos em nosso quarto, fomos logo arrumar as nossas roupas. Olhei no relógio; 13:30.
     - Mãe, já é tarde, vamos almoçar? - disse a minha mãe.
     - Vamos sim filha. - ela disse isso e saímos do quarto em direção ao restaurante.
     Observei uma movimentação no corredor e o meu coração congelou mais uma vez: era o time do Cruzeiro, provavelmente voltando do almoço . Passou o Fábio por mim, passou o Roger, até que avisto Montillo se aproximando e começo a chorar. Eu estava chorando por emoção de meu ídolo estar bem na minha frente.
     Montillo para, olha para mim e pergunta se está tudo bem. Incapaz de responder, comecei a chorar mais alto. Ele ficou preocupado, então minha mãe lhe explicou que eu era uma grande fã dele, estava muito emocionada em vê-lo...
     Ele foi muito querido comigo, me deu um autógrafo, tirou uma foto comigo e saiu correndo em direção ao quarto dele. Eu achei estranho e fiquei triste por ele ter me abandonado assim. Mas logo depois vem ele com uma camisa sua autografada na mão e deu-me ela para mim. Eu fiquei muito feliz e não estava acreditando no que aconteceu.
     - Obrigado pelo carinho, fico feliz por você. - disse ele e me deu um beijo no rosto. - Beijos linda.
     Só o que eu consegui dizer foi:
     - Boa sorte hoje.
     Não sei como eu não desmaiei naquele momento. Logo no meu primeiro dia no Rio e já aconteceu uma coisa dessas. Talvez não tenha sido uma má escolha vir para cá, pensei e esperava estar certa.
     

domingo, 4 de março de 2012

Capítulo 12

-Mãe, cadê o pai?
     - Bom filha... - disse ela se levantando da mesa - Nós precisamos conversar. - acabei o almoço e a segui. Ela foi até à sala e se sentou no sofá, eu sentei ao seu lado.
     - Filha... eu e seu pai... não estávamos nos dando muito bem. Nós brigávamos frequentemente, então seu pai resolveu sair de casa. Ele não falou para onde iria, só pegou as suas coisas e foi embora. Acho que isso quer dizer que nos separamos. - isso foi como se a outra parte do meu coração, a parte que ainda estava de pé, tivesse sido arrancada de mim e agora eu estara com o meu coração completamente destruído. Essa parte que sobrara, era a parte do amor que eu tinha pela minha família, que se partira de vez. - Filha, eu não queria que isso chegasse a esse ponto...
     Não a deixei a terminar, saí quase correndo da sala e fui direto para o meu quarto. Tranquei a porta e desabei em um mar de lágrimas.
     Eu estava muito triste, o meu coração tinha se partido duas vezes: com a traição de Carlos e com o fato de meu pai ter me abandonado. Em meio as lágrimas, eu só conseguia pensar em como a minha vida era horrível, tudo sempre dava errado... Ainda que eu estava em uma cadeira de rodas, isso já bastava para arruinar a vida de qualquer adolescente.
     A minha vida foi de mal à pior. Eu não suportava mais ir para a escola e ver Carlos e Manuela andando abraçados, se beijando, pois agora eles estavam namorando. Toda vez que via os dois juntos, eu sentia como se alguma coisa estivesse esmagando o meu coração. Era uma mágoa muito grande. Eu não aguentava mais ver isso.
     Foi aí que recebi a notícia que mudaria o rumo das coisas, mudaria a minha vida. Voltando da escola, no carro do meu irmão, e indo para casa, recebo uma ligação:
     - Alo, mãe.
     - Oi filha, aonde você está? - pergunta ela.
     - Estou no carro do Lucas, quase chegando em casa. Por que?
     - É que eu tenho uma notícia para dar a vocês. - disse ela com uma voz amimada.
     - Ok, mas é uma notícia boa? - pergunto.
     - Ah, depende. Não sei o que você vai achar... Mas espero que goste. - fiquei preocupada, não parecia ser uma coisa boa, não para mim.
     Chegamos em casa. Minha mãe nos esperava na porta de casa, com um sorriso enorme no rosto. Meu irmão e eu nos sentamos na mesa e nossa mãe começou a falar:
     - Eu fui promovida no meu emprego.
     - Que bom mãe! - disse eu feliz por ela. - Mas era isso que você estava tão empolgada para nos contar?
     - Sim, e também que por causa disso eu vou ter que me mudar para o Rio...
     Rio! Quando ela falou essa palavra veio muitas lembranças em minha memória, boas e ruins. Eu amava a cidade do Rio de Janeiro, tanto porque era a cidade do meu time, Vasco Da Gama. Sempre quis morar no Rio, era a minha cidade dos sonhos, e seis meses atrás antes do acidente, esse era o meu sonho todos os dias.
     Mas também quando ela falou Rio, lembrei- me instantaneamente no porque de eu estar em uma cadeira de rodas atualmente. 
Foi justo no Rio de Janeiro que eu fiquei paraplégica, foi justo já cidade que eu mais amava e sonhava em morar.
     - Minha filha, eu sei que é difícil para você pensar na ideia de morar no Rio, mas me lembro que você amava essa cidade e sempre quis morar lá. Você não precisa ir comigo, se quiser pode ficar aqui morando com o seu irmão. - a minha mente estava tão cheia de coisas, que eu mal conseguia pensar direito. - A escolha é sua. Lembre-se de que se mudando para o Rio, você pode esquecer do Carlos e viver a sua vida normal. - acrescentou ela.
     Viver a minha vida normal? Acho que ela não sabe, mas eu nunca vou conseguir ter uma vida normal daqui e diante. Eu tinha muitas coisas para pensar, então fui para meu quarto e me perdi em pensamentos.



     


     

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Capítulo 11

Vejo Carlos e Manuela se beijando. Sim, aquela Manuela que fora minha amiga e que agora é a minha pior inimiga. O meu coração se espatifou em mil pedaços. Isso não poderia estar acontecendo, disse para mim mesma. Mas estava acontecendo, era real.
     Comecei a chorar. Todos que estavam na Praça de Alimentação olham para mim, principalmente Carlos e Manuela que pararam de se beijar e olharam em minha direção. Vi Carlos vindo até mim, mas sai dali com a minha cadeira de rodas o mais rápido que pude. Abri espaço entre as pessoas e sai do Shopping. Olhei para trás e vi Elisa e Carlos conversando. Logo Elisa vem ao meu lado e me diz:
     - Ele queria falar com você, mas eu disse que era melhor não. Eu vou ligar para o seu irmão, ver se ele está perto daqui, para ele nos levar para a sua casa. Por enquanto respira e tenta ficar calma. - Elisa pegou o celular e ligou para o meu irmão, e eu tentei me aclamar. Mas eu não conseguia, não conseguia controlar os meu sentimentos, não conseguia evitar que lágrimas e mais lágrimas caíssem dos meus olhos.
     O meu irmão chegou, ajudou a me colocar no carro, e não perguntou o que tinha acontecido e nem porque eu estava chorando sem parar. E achei que ele fez certo, porque eu não estava com a mínima vontade de explicar nada a ninguém.
     Chegamos em casa e Elisa foi comigo até meu quarto. Ficamos deitadas na minha cama até de noite, eu chorando, e ela me consolando. Como era bom ter alguém por perto quando acontecem coisas horríveis na sua vida.
     Dias depois Carlos me ligou, eu atendi. Ele falou que ainda me amava e se arrependia muito do que fez. Mas falou também que fez aquilo porque estava cansado de toda hora ter que cuidar de mim, guiar a minha cadeira de rodas, falou que era muito trabalho fazer essas coisas... 
     Eu até o compreendo, mas nada justifica uma pessoa trair a outra. Se não quer mais namorar, beleza, mas primeiro termina com a pessoa, e não fica com uma outra escondido. Eu não seria capaz de trair alguém, por mais que o meu amor tivesse acabado, eu seria fiel.
     Carlos queria continuar namorando comigo, mas depois do que ele fez, não sei se eu conseguira perdoá-lo. Ainda que ele me traiu com a minha maior inimiga, e isso era difícil de aceitar. Existe tantas pessoas para se ficar, e vai justo me trair com a pessoa que mais me odeia nessa vida.
     Eu descobri também que sábado de manhã, depois da festa que fomos, Carlos saiu cedo e foi na casa de Manuela. Ela me disse que os dois transaram, porque como eu ainda não queria perder a minha virgindade, Carlos queria perder a dele.
     Não sei se era verdade ou não, só sei que isso foi como se tivessem atirado uma bala em meu coração. Não perguntou para Carlos se isso era verdade ou não, eu não queria saber a resposta. Eu resolvi ficar solteira. Depois de duas semanas se passarem, o meu coração ainda estava em pedaços.
     Chego em casa depois da escola e percebo minha mãe sentada sozinha na mesa. Sento-me ao seu lado, começo a comer o almoço e estranhando a situação, pergunto:

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Capítulo 10

   
     Abri os olhos, olhei no relógio; 07:30. Saí correndo da cama para me arrumar, pois a aula começava às 8:00. Botei um biquíni, tomei café da manhã e fui toda animada para a praia. 
     Quando cheguei lá, uma homem alto, bonito e de olhos claros nos recebeu, minha mãe e eu. Ele explicou como funcionava o surfe para deficientes e do que eu precisava para pratica-lo. 
     Chegou a hora de entrar no mar, eu estava nervosa, mas muito feliz. Foi maravilhoso. Sentir a ondas do mar baterem no meu corpo... Faz muito tempo que eu não me sentia assim. 
     Depois dessa manhã maravilhosa de domingo, saímos da praia e voltamos para a cidade. Eram quase 17 horas e liguei para Carlos para ver se ele queria ver o jogo do Vasco aqui na minha casa. Nós dois éramos dois vascaínos fanáticos e não perdíamos um jogo do Vasco. E foi por eu ser tão fanático que atualmente estou em uma cadeira de rodas...
     Carlos me disse que não poderia vir na minha casa porque tinha umas coisas importantes para resolver. Então eu assisti ao jogo sozinha, pois meus pais tinham ido no mercado fazerem compras. Minha não se interessava muito por futebol, por isso não fazia questão de vera jogos. Já meu pai gostava bastante de passar um domingo vendo jogo, só que depois do acidente, o futebol passou a ser um dos seus hobbies menos preferidos.
     O Vasco ganhara o jogo contra o seu maior rival, Flamengo, de 3x1, e isso meu deixou feliz. Fui dormir porque amanhã começava mais uma semana.
     Já se passaram 7 messes desde o acidente, e agora eu já conseguia fazer muitas coisas sozinha, porque a maioria das coisas na minha casa eram adaptadas.
     Acordo com o meu despertador marcando 06:30. Arrumo-me e vou para a escola. Encontro com Carlos e lhe conto como tinha sido o dia anterior e a minha primeira aula de surfe. Ele ficou feliz por mim, mas eu pude perceber que alguma coisa estava diferente nele. Eu não sabia o que era, nem imaginava o que poderia ser. 
     - Carlos, você quer ir lá em casa hoje? - digo.
     - Ah, desculpa, mas não vai dar. A minha mãe vai sair hoje de tarde e eu tenho que cuidar da minha irmã pequena. 
     - Ta bom então. - digo sorrindo, mas a sua resposta não me convenceu.
     Chegando em casa, o meu celular toca:
     - Oi!
     - Oi Elisa, o que foi? - pergunto.
     - Vamos no cinema hoje, Bianca?
     - Eu ia estudar com o Carlos hoje, mas ele não pode. Então ta bom, vamos. Passa aqui em casa que o meu irmão leva a gente.
     - Ok, já estou indo aí. -diz Elisa desligando o telefone.
     O meu irmão não ficava muito em casa, de manhã ele cursava faculdade e de tarde sempre estava cheio de trabalhos para fazer. Mas sempre que eu pedisse, ele me levava nos lugares que eu queria. Elisa tinha acabado de chegar na minha casa e fomos para o shopping.
     Enquanto estávamos no carro, eu me lembrei de uma coisa, e perguntei para meu irmão:
     - Lucas, porque mesmo que você e Marcelle terminaram? Vocês eram tão fofos.
     - Ela me traiu. - disse ele com uma voz fria. E não perguntei mais nesse assunto.
     Chegamos no shopping.
     - Que horas é o filme? - pergunto.
     - 15:30. - respondeu Elisa.
     - Então dá tempo de nós pegarmos um milkshake no Bob's. - e fomos para a praça de alimentação.
     Saindo do Bob's com o nosso milkshake, Elisa diz:
     - Bianca, não olha para o lado.
     Eu, curiosa, olho para o lado e ...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Capítulo 9

O meu celular toca, é o sinal de mensagens. É uma mensagem do Carlos, e está escrito:

"Amor, aconteceu uns probleminhas e eu tive que ir. Desculpe não ter te esperado acordar, eu tinha que resolver na hora. Beijos, te amo. "
 
    Eu não sabia que "probleminhas" tinham acontecido com ele, mas confiava muito em Carlos e não liguei para isso. Hoje era sábado e eu iria com a minha família para a nossa casa de praia. Meus pais já estariam chegando da viajem que fizeram para a França, então fui arrumar a minha mala para quando ele chegassem, irmos direto para a praia.
     Carlos iria ficar na cidade,  não iria para a praia comigo. Mas quando eu estava no carro à caminho da praia, ele ficou
me mandando um monte de mensagens fofas no meu celular.
     Quando chegamos na praia, vou direto para o meu quarto. Nós tínhamos uma apartamento bem pertinho da praia, e o meu quarto tinha uma ótima vista para o mar. Arrumei as minhas roupas, tirei tudo da mala e as botei no guarda-roupas.
     Depois fui com a minha cadeira de rodas até a sacada de meu quarto e fiquei observando a praia. Fiquei observando as pessoas pegando sol, brincando, tomando banho de mar, se divertindo... Eu sentia falta daquilo. Amava ir à praia, tomar banho de mar. Como não tinha movimento nas pernas, era difícil eu ir tomar banho de mar. Só fui uma vez depois do acidente, com a ajuda de meu pai. Mas como era muito trabalhoso, eu ficava apenas na sacada observando a praia, enquanto as pessoas se divertiam lá em baixo.
     - Bianca, vem comer! - era minha mãe me chamando para tomar café da tarde.
     Saio do meu quarto e vou em direção à sala de jantar. Eu enchi o meu prato com dois pães, uma maça e uma barra de chocolate Kit Kat, o qual eu era loucamente apaixonada. Me assustei quando vi o tanto de comida que coloquei em meu prato, mas me assustei mais ainda quando acabei de comer e percebi que o prato estava vazio.
     Esses últimos meses eu estava comendo muito, e exageradamente. Depois de tantas frustrações, decepções e tristezas, eu comia para me alegrar. Era quase como uma droga para mim. Mas isso era um problema, porque eu estava engordando. E já que eu não posso mais fazer nenhuma atividade física por estar em uma cadeira de rodas, o meu peso só tende a aumentar. Assusto-me ao me olhar no espelho quando saio do banho, eu tenho que fazer alguma coisa urgente. Mas como, se sou incapaz de fazer qualquer atividade física?
     Procurando por informações na internet, encontrei o Surfe para Deficientes. Fiquei maravilhada com a manchete:

"Surfe adaptado transforma deficientes físicos em exemplos de superação em Santa Catarina."

     Santa Catarina era o estado em que eu vivia, e fiquei feliz em saber que poderia voltar a surfar. O surfe sempre foi um dos meus esportes preferidos, e agora depois de tudo o que aconteceu, eu poderia voltar a surfar. 
     Apressadamente ligue para o número que estava no site para me informar sobre isso. A atendente me falou que qualquer deficiente físico pode participar, é gratuito e que todo domingo tem aula. Amanhã era domingo, e eu estava muito ansiosa para a minha primeira aula. Fui dormir com um belo sorriso no rosto.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Capítulo 8

- E aí, como estou? - digo me olhando no espelho.  Eu estava com um vestido vermelho e uma sapatilha preta. E o meu cabelo estava preso em um coque.
     - Maravilhosa como sempre. - responde Carlos.
     Enquanto as meninas adolescentes da minha idade usavam salto alto, eu era obrigada à usar sapatilha. Porque não dava para usar salto alto quando você tem que ficar em uma cadeira de rodas.
     - Vamos? - fala Carlos e me guia até o carro.
     Nós iríamos à festa de um colega nosso do colégio. Essa seria a minha primeira festa depois do acidente (a minha primeiro festa em uma cadeira de rodas). Eu sabia que seria difícil, mas precisava me divertir. Ir a festas era o que eu mais gostava de fazer às sextas-feiras à noite.
     Chegamos na festa, e logo encontramos o aniversariante. Demos-lhe parabéns, os presentes, e entramos. Tinha muita gente, todo mundo se divertindo, menos Carlos e eu. Nós ficamos sentados horas e horas em uma mesa e observávamos as pessoas dançarem.
     Onde que eu estava com a cabeça quando quis vir para a festa? É óbvio que se eu não posso dançar, não posso me divertir. Fiquei com pena de Carlos, ele ficava olhando as pessoas dançando e estava com a maior vontade de ir lá também, mas não, ele ficava me fazendo companhia.
     - Vou ao banheiro. - digo.
     - Quer que eu te leve até lá? - pergunta ele.
     - Não, eu consigo sozinha ir andando pelo lado, aonde não tem muita gente.
     - Ok.
     Saio da mesa e vou em direção ao banheiro. Chegando lá, observo que umas meninas ficam me olhando o tempo todo, com um certo espanto. Mas eu não as dou bola e entrou no lugar que é o banheiro para deficientes.
     Quando saio do banheiro passo no bar para pegar uma bebida. Eu só tinha 15 anos, mas bebia moderadamente. Não enchia a cara com a maioria das pessoas, só não resistia a uma Smirnoff. Boto a bebida entre as pernas, eu vou me movendo com a cadeira de rodas até a mesa que Carlos está.
     Vejo que tem mais alguém com ele na mesa, a pessoa vira o rosto e percebo que é Manuela, a pessoa que mais me odeia nessa vida. Manuela e eu éramos amigas ano passado, tivemos uma briga feia, e agora ela faz de tudo para acabar comigo.
     Logo que me vê, ela sai da mesa e vai para outro lugar. Ela me odeia ainda mais porque estou namorando com Carlos, e Manuela era apaixonada por ele.
     - O que ela queria? - pergunto.
     - A Manu me viu aqui e pensou que eu estivesse sozinho, mas falei que você tinha ido no banheiro. - me doeu quando ele falou o apelido dela, mas não demostrei o meu ciúme.
     - Hm... - digo, fingindo estar tudo bem.
     Depois de algum tempo canso de ficar olhando as pessoas dançarem, se divertirem... Virei para Carlos e disse:
     - Vamos embora, ou você quer ficar mais um pouco?
     - Não, vamos embora. - quando ele diz isso, pego o meu celular e ligo para o meu irmão nos buscar.
     Já estamos dentro do carro, e pergunto para ele:
     - Quer dormir lá em casa hoje?
     - Sim. - responde ele. 
     Chegamos em casa e vamos para o meu quarto. Eu nunca tinha dormido junto com o Carlos antes, apesar de estarmos namorando a bastante tempo. 
     Ele me ajudou a botar o meu pijama e me colocou na cama. Logo depois se deita ao meu lado. Nós nos beijamos. Ficamos ali agarrados por bastante tempo até que caímos no sono. Não aconteceu nada demais, eu ainda tinha 15 anos e não estava pronta para perder a minha virgindade.
     Abro os olhos, olho pela janela, e já é de manhã. Olho para o lado, e vejo que Carlos não está. Começo a me preocupar, até que...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Capítulo 7

... Vejo Carlos abrindo espaço na multidão e correndo até mim. Ele pega em minha cadeira de rodas e me leva até o palco no meio do pátio. Pega um violão, se senta em uma cadeira que está ao meu lado, arruma o microfone, e canta olhando em meus olhos:

"Estava tão só
Pensando que era feliz
Eu mal sabia que um dia iria te encontrar

Vivia na solidão
Achando que tudo estava tudo bem
Mas você chegou, me acordou e provou que o bom é ficar
Com você...

Vem cá, deixa eu te abraçar e te fazer sorrir
Te acariciar, te arrepiar e depois pedir...
Mais um beijo seu!
Garota dos olhos perfeitos que brilham como diamante
Teu sorriso é o mais lindo e o seu jeito é tão delirante
Quando tô do seu lado, esqueço tudo e me renego ao mundo

Só quero te perguntar
Se você quer namorar comigo.
Quero ser bem mais que um amigo
Menininha linda...
Quer namorar comigo?"
     
     Eu conhecia essa música era do Caio Izel, e amava ouvi-lá. Carlos sabia que gostava dessa música, mas nunca pensei que ele fosse fazer isso. Na sua voz linda ficou maravilhosa essa música. Cantou uma música linda, na frente da escola toda, e ainda pediu para namorar comigo!
     Faltou- me ar para responder sua pergunta, mas logo que ele voltou, respondi "sim". Então Carlos se aproximou de mim e me beijou. Os alunos começaram a aplaudir. Eu estava tão feliz, este foi um dos melhores dias da minha vida.
     E depois desse lindo pedido de namoro, a minha vida estava tão perfeita. Eu não me preocupava mais com o fato de estar em uma cadeira de rodas. Carlos sempre ia a minha casa depois da aula e nós sempre nos divertíamos. Ele era um ótimo namorado e muito companheiro. Com ele ao meu lado eu esquecia de tudo. E a melhor coisa era que ao seu lado eu me sentia normal.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Capítulo 6

     Carlos pegou na minha cadeira e me levou para fora do ginásio. Parou em frente a uns bancos que ficavam atrás do ginásio, um lugar que não passava muitas pessoas. Ele segurou nas minha pernas, passou a mão pelas minha costa, me tirou da cadeira de rodas e me colocou no banco.
     Se sentou ao meu lado, olhou em meus olhos e disse:
     - Você quer ficar comigo? - louca para dizer sim, olhei para ele e perguntei:
     - Porque você quer ficar comigo? Tantas meninas são apaixonadas por você e escolhe justo eu? Justo eu que estou presa em uma cadeira de rodas? - quando acabei de dizer isso, eu me arrependi. Carlos, o menino mais lindo e legal que conheço na vida, está pedindo para ficar comigo e invés de dizer sim, eu o questiono. O que deu comigo?
     - Não me importo com o fato de você estar em uma cadeira de rodas, a única coisa que importa é o que você tem por dentro. - diz ele interrompendo meus pensamentos. - Então, você aceita?
     - Sim, aceito. - digo me deixando levar por esse sorriso tão lindo em seu rosto. Quando digo isso, nós nos beijamos.
     Eu não tinha ficado com ninguém depois do acidente, a cadeira de rodas parecia que espantava os meninos de perto de mim. Mas Carlos era diferente, nunca me senti tão bem ao lado de alguém como me sinto quando estou perto dele. Eu me sentia bem e segura. Parecia que ele me completava de um jeito que nenhum menino era capaz.
     A única coisa ruim do nosso relacionamento foi o que as pessoas falavam de nós dois juntos. "Ela não merece ele." "Ele é muito bonita para ela!" "Como ele foi gostar dela?". Não importava o que os outros falavam, eu estava bem ao seu lado e isso era o que importava.
     Carlos era muito paciente comigo, sempre me ajudava com a minha cadeira e fazia tudo o que eu precisava. Nós já estávamos "ficando" há três semanas. Estava indo tão bem o nosso relacionamento. De manhã antes de começar a aula ele sempre me esperava no portão de entrada da escola para me levar até a sala, no recreio nós nos sentávamos no nosso mesmo lugar na cantina junto com a Elisa, e quando acabava a aula ele me levava ao portão aonde minha mãe me esperava.
     Certo dia quando chego na escola, observo que ele não está no portão me esperando. Fico preocupada, mas vou sozinha até a sala. Quando chego na sala pergunto à Elisa se ela sabe se Carlos vai faltar hoje, mas ela não sabe de nada. 
     Quando bate o sinal para ir para o recreio, me convenço de vez que ele não veio para a aula. E Elisa e eu vamos em direção ao nosso lugar de sempre na cantina. Olhando para os lados, percebo que no meio do pátio tem um palco. Mas não dou muita importância, porque todo mês eles montam um palco no pátio e uma banda de alunos toca no recreio.
Um multidão se acumula na frente do palco. Eu não consigo ver nada, até que sai uma pessoas abrindo espaço na multidão. Quando eu olho...

     

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Capítulo 5

     Dias se passaram e Carlos continuou a passar o recreio comigo e com Elisa. Ele poderia passar o recreio com qualquer pessoas, porque todos gostavam dele, mas não, ele preferia ficar comigo e com sua prima nos recreios. Eu achava isso estranho, mas estava aproveitando muito. Ele era muito legal e sempre levantava o meu astral quando eu estava triste.
     Mas uma coisa não queria calar; o fato de eu ter sonhado com Carlos horas antes de o ver pela primeira vez. Não me importei mais com isso, porque essas semanas desde que ele entrou em meu caminho, foram as melhores semanas da minha vida.
     Estava Carlos e eu andando em direção à mesa da cantina em que sentávamos todos os dias. Sem Elisa, pois ela faltara a aula. Eu já o considerava meu melhor amigo, até mais pelo fato de não ter muitos meninos que sejam meus amigos. Não sei se ele me considerava assim, mas pelo modo como falava comigo parecia que éramos amigos desde criança.
     Conversamos sobre a tarefa que tínhamos para a próxima aula, só que não a fizemos. Até que ele se aproxima de mim e me beija.
       No primeiro instante fico sem respirar, e então retribuo o beijo. Era o melhor beijo da minha vida (não que eu tivesse beijado muitos rapazes... Mas mesmo assim, nenhum se compara com esse beijo), um beijo quente e que não dá vontade de parar nunca mais. Só que o sinal toca. Paramos de nos beijar, nos olhamos e vamos andando em silêncio até a sala de aula.
      Eu não entendi porque ele fez aquilo, porque ele me beijou. Ainda mais pelo o fato de eu estar em uma cadeira de rodas, que complica mais as coisas.
     Durante a aula eu não consigo prestar atenção na matéria, só ficava pensando naquele beijo. O sinal toca mais uma vez e agora é a aula de Educação Física. A aula mais chata de todas para mim, porque além de não poder praticar esportes tenho que assistir meus colegas se divertindo na, em que pra eles, é a aula mais legal de todas.
     O professor me leva até a arquibancada do ginásio, e desde para dar a sua aula. Sinto alguém tocando o meu ombro, olho para trás:
     - O que você está fazendo aqui, Carlos? -digo
     - Não estou com vontade de fazer aula de Educação Física, prefiro ficar aqui com você e lhe fazer companhia. -diz ele com o sorriso mais sincero de todos.
     - Obrigada. - digo retribuindo seu sorriso e abrindo os braços para lhe abraçar. - Porque você fez aquilo? - digo querendo saber.
     - Aquilo o que?
     - O beijo...
     - Eu pensei que você tivesse gostado. - diz Carlos com um tom de voz triste.
     - Não, eu gostei. Só queria saber o porque de você ter feito aquilo?
     - Porque eu gosto de você.
     Eu não acreditei quando aquelas palavras saíram de sua boca. Pensei que estivesse sonhando, mas não, era verdade.
     - Eu gosto de você, te acho muito bonita, legal, querida... E quero ficar com você.
     Fiquei feliz por não ter infartado naquela hora, mas meu coração parecia que iria pular do peito. Era possível isso? O menino mais gato da escola falando que queria ficar comigo.
Justo eu que era uma menina estranha, chata, feia, e além do mais, uma menina que dependia de uma cadeira de rodas para se locomover.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Capítulo 4


- Carlos.- diz ele.
- Carlos, você é aluno novo?- pergunto Ismael.
- Sim, sou sim.
- É você já conhece alguém da sala?
- Só conheço a Elisa, ela é minha prima.- quando ele fala isso, o meu coração congela. Como que um menino lindo como esse é primo da Elisa? Porque a Elisa não falou nada e nem me apresentou a ele? Eu não podia acreditar nisso...
A aula se segue até que chega ao fim. Terminam-se as aulas de Química e Geografia e agora é o recreio.
Elisa pega a minha cadeira e saímos da sala. Logo depois, Carlos (sim, ele mesmo, Carlos!) vem correndo em nossa direção e pergunta:
- Elisa, posso passar o recreio com vocês? É que eu não conheço ninguém aqui...
- Pode, claro.- diz Elisa.
Vamos andando até a cantina e nos sentamos em uma mesa. Eu ainda não acredito: o menino mais gato da escola, sem dúvidas, está passando o recreio comigo!
Logo que nós sentamos à mesa, Elisa me apresenta à Carlos e ele dá sorriso que quase me faz desmaiar.
Como esse menino era bonito, mas ele nunca olharia para mim, um menina feia, chata e ainda por cima, presa em uma cadeira de rodas.
Acaba o recreio e voltamos para a sala de aula. Nesse tempo em que o professor não chegou na sala, todos vem ao meu redor e me perguntam "O que aconteceu Bianca?" "Porque você está em uma cadeira de rodas?" "Você quebrou a perna?". Quem me dera eu só ter quebrado a perna. Eu fico muito mal nesse momento, porque além das pessoas ficarem perguntado coisas que só me lembrem o que aconteceu (coisa que eu tento esquecer todos os dias, mas é muito difícil), tem pessoas que ficam rindo de mim. Isso é a pior coisa que pode acontecer: as pessoas rirem de mim. Deixa-me tão para baixo.
Ainda bem que o professor não demora muito para chegar na sala e começar a aula. A minha maior preocupações esse ano não é com os estudos nem com os professores, é com os alunos mesmo. Alunos que não tem caráter nem educação, e acham que me zuar é a coisa mais legal de se fazer. Legal para eles! É horrível ser humilhada. Mas como as pessoas não tem educação, não se pode fazer nada.
As aulas passam rápidas demais, talvez deva ser por eu passar o tempo todo perdida em pensamentos. A última aula já acabou e os alunos vão saindo da sala. Arrumo o meu material e guardo na mochila. Vejo que Elisa já foi embora e nem me esperou, "Como vou sair daqui?". Porque no meio de tantas pessoas, eu não consigo levar a minha cadeira de rodas sozinha.
- Quer ajuda com a cadeira de rodas?- olho para trás... Não pode ser! É o Carlos.
- Quero sim, obrigada.- digo.
Ele pega em minha cadeira e me guia até o portão de saída do Colégio. Avisto minha mãe me esperando.
- Obrigada.- digo mais uma vez à Carlos.
- De nada.- diz ele indo embora.
Já dentro do carro, minha mãe me pergunta:
- Como foi o seu primeiro dia de aula filha?
- Foi... legal mãe.- não digo a ela o que aconteceu depois do recreio, não quero que ela fique triste por mim. Além do mais por ter um sorriso enorme em seu rosto.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Capítulo 3

                                           
 
 - Nossa, que menino bonito. Quem é ele? - Pergunto para minha amiga Laura.
     - Ah, ele é aluno novo, se chama Carlos.
     - Hm, Carlos... - Nós duas caímos na risada.
     - Você deveria falar com ele. Desde que terminou o namoro com o André, não ficou com mais ninguém. - me aconselha Laura.
     - É, eu vou lá falar com ele. - digo indo em direção ao garoto loiro de olhos azuis. - Oi, o meu nome é Bianca.
     - Oi, sou o Carlos.
     - Bianca, quer jogar com a gente? - São meus amigos, Leandro e Daniel, me chamando para jogar futebol.
     - Claro, já estou indo. - olho para Carlos- a gente se vê.
     - A gente se vê- diz ele retribuindo o meu sorriso.
     Futebol, a melhor coisa que existe no mundo. É tão bom passar horas e horas jogando futebol com os seus amigos... Pera aí. Futebol? Como eu estou jogando futebol se depois do acidente a minha vida se resumiu à uma cadeira de rodas?
    Claro, é um sonho. Um lindo e maravilhoso sonho que poderia ser verdade... Mas não é.
    Olho no relógio; 06:30. "ixi, vou chegar atrasada." penso.
Me levanto da cama, lavo o rosto, tomo o café da manhã, arrumo a minha mochila e peço a ajuda da minha mãe para botar o meu uniforme.
   Entro no carro e torço para hoje não ser um desastre, como a minha vida geralmente é.
   Minha para no estacionamento. Posso ver as crianças pequenas alegres, correndo de um lado para o outro, por estarem felizes que hoje é o primeiro dia de aula. Coisa que para mim, está se tornado horrível.
    Passando pelo corredor cheio de alunos, tenho vontade de chorar. Pelo modo como as pessoas me olham, percebe-se que hoje não será um dia legal.
    Finalmente. Cheguei na minha sala, pelo menos posso ficar em um canto que ninguém note a minha presença até que comece a aula.
    Na verdade, eu não tenho muitos amigos. Não amigos que eu possa de verdade contar, então não estava muito empolgada para ver ninguém, muito menos nessas condição.
   Elisa, uma menina que não é tão bonita nem magra, muito menos legal, mas é a única pessoa que me aguenta. Chega ao meu lado e diz:
    - Bianca, é você? Nossa, o que aconteceu?- pergunta ela.
   - É uma grande história.- digo, tentando mudar de assunto.
Mas é aí que eu o vejo. Um menino lindo, loiro, de olhos azuis e que toda menina gostaria de ter, acaba de entrar na minha sala.
    Eu não estava acreditando naquilo, pois era o mesmo menino que tinha sonhado horas antes. Aquele mesmo menino loiro de olhos azuis que se chamava Carlos. Como isso era possível? Era uma premonição, ou algo do tipo? Eu não sabia de nada, e tentava respirar enquanto esse menino lindo passava ao meu lado e se sentava duas carteiras atrás da mim.
   Mas uma coisa eu percebi: quase todas as meninas que estavam na sala olhavam para ele, só que ele parecia não dar bola.
    Chega de pensamentos, o professor entra na sala e a aula começa. Ele se apresenta dizendo que seu nome é Ismael e ensina Matemática. "tudo o que eu preciso, um velho rabugento que ensina Matemática". Logo depois pede para que cada um de nós, alunos, nos apresentemos. Todo mundo começa a falar seu nome conforme um sequencia, até que chega nele:
     - Meu nome é...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Capítulo 2

                             
  Entrou vários alunos na sala e começou a aula. O Ângelo se apresentou, mas muitos alunos já o conheciam. Eu não conhecia ninguém que estava nessa sala, porque mudei o horário do meu inglês por causa da Fisioterapia...
   Mal percebo, e já acabou a aula. Foi rápida e legal. Me preparo para ir andando sozinha até o ponto de ônibus para pegar o ônibus e ir para casa.
    Ano passado, quando eu ainda não estava em uma cadeira de rodas, sempre depois do inglês eu ia no clube com o meu pai. Lá eu fazia academia e depois jogava futebol com os meu amigos, coisa que não consigo mais fazer agora.
    No ônibus, tinha uma meninas que ficavam rindo e olhando para mim o tempo todo. Eu fiquei muito mal. A culpa não era minha que eu estava em uma cadeira de rodas, e elas não tinham nenhum direito de ficarem rindo de mim!
    Mas como existem pessoas más nesse mundo, existem também pessoas boas, como o homem que sentou ao meu lado e que agora está me ajudando a descer do ônibus. Desço do ônibus e pego o caminho para a minha casa.   
 No caminho, para um carro do meu lado e vejo que é o meu irmão, Lucas. Ele pergunta:
    - Quer carona?
    - É claro que eu quero. - respondo com um sorriso no rosto.
    Ele desce do carro para me ajudar a entrar. Me coloca no banco da frente e guarda a minha cadeira no porta-malas.
    Já com o carro andando, pergunto:
   - Lucas, o que aconteceu? Você está diferente.
    - Eu terminei com a Marcelle. - Marcelle era sou namorada a mais de 3 anos.
    - Como assim terminou? Vocês se amavam tanto e namoravam à tanto tempo... 
    - Chegamos! - disse Lucas mudando de assunto.
    Entro em casa e vou logo fazer um lanche, eu estava morrendo de fome. A última vez que comi foi no almoço, e agora já eram 19:15.
    Depois de comer vou direto para o meu quarto me preparar para amanhã. Porque além de amanhã ser o primeiro dia de aula, será também o meu primeiro dia de aula com uma cadeira de rodas. Não sei como os meu amigos e as pessoas da minha escola vão reagir. Tenho medo.    
Deito-me na cama e rezo. Que amanhã seja o que Deus quiser.  

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Capítulo 1


"Eu só queria voltar no tempo
Pra corrigir todos meus erros
Eu só queria estar bem perto de mim mesmo"
 
     Ouvindo no meu iPod,  dentro de um ônibus, a música que mais descreve a minha vida e os meus sentimentos.  É o meu ponto, chamo o motorista e peço-lhe para  me ajudar a descer do ônibus. Vida de cadeirante não é fácil. E eu pensei que uma coisas dessas nunca aconteceria comigo.
     Não é fácil andar por uma calçada estreita e cheia de buracos. As pessoas passam por mim como se eu não fosse ninguém, como se o fato de eu estar em uma cadeira de rodas tirasse o meu direto ser humano.
    Pronto! Apesar da dificuldades, cheguei à casa em que faço aula de inglês. Uma casa azul, grande e velha. Eu gostaria de morar em uma casas dessas, sou apaixonada por arquitetura antiga.
    Essa casa onde faço inglês tem uma escadaria enorme até a recepção, como vou fazer para chegar até a minha sala?
   Peço ajuda a uma pessoa que passa ao meu lado:
  - Com licença, você pode fazer um favor para mim? Podes chamar uma atendente para mim? Porque eu não tenho condições de subir a escada.
- Claro querida. - respondeu a moça educadamente e subiu as escadas para chamar a atendente.
  Alguns segundos depois, desce Kátia, a atendente que eu conhecia, e a moça a qual eu pedi ajuda.
   - Bianca, é você? Meu deus... - disse Kátia surpresa a me ver assim.- O que aconteceu com você, Bianca?
   - Eu sofri um acidente... - digo tristemente. - Como que eu faço subir?
   - Vamos passar lá por trás da casa, a sua sala é no andar de baixo mesmo.- Kátia pega na minha cadeira e me leva para a entrada atrás da casa.
   - Ah, obrigada Kátia. 
   Então ela me acomoda em frente a uma mesa e diz:
   - A sua aula começa daqui a 15 minutos. Eu tenho que subir agora para trabalhar, você sem importa em ficar aqui sozinha? O seu professor já deve estar chegando.
   - Não, vai lá trabalhar, eu fico bem aqui.
   Depois de 10 minutos alguém entra na sala. Um homem careca que
     veste uma camisa branca e uma calça jeans. Só depois de colocar os livros na mesa, ele percebe que estou ali.
    - Ah, oi... Qual é o seu nome?- diz ele.
    - Bianca. -digo.
    - Prazer Bianca, eu sou o Ângelo. - eu já conhecia o Ângelo de vista, mas nunca tive uma aula com ele. As pessoas falavam que ele era o professor mais legal da instituição que eu fazia inglês. Então, esse seria um dos meus menores problemas para esse ano.

   
   
"É melhor começar agora a dar valor para as coisas que tem, para não se arrepender quando não tiver-lás mais."

Capa

Gente, eu fiz um capa para o meu livro. Fiz no IPad, por isso não está grande coisa. É difícil desenhar no iPad. Haha, espero que gostem =)

Dias de Chuva

Oi gente. Há algum tempo eu tenho vontade de escrever uma história. Então nesse blog irei escrever um linda, sofrida e magnífica história. Espero que vocês gostem. Procurarei postar todos os dias. Comentem se vocês estão gostando ou não. Não é uma história real, mas tem coisas do meu cotidiano...
Estou muito ansiosa, espero que gostem muito!
Beijos