quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Capítulo 8

- E aí, como estou? - digo me olhando no espelho.  Eu estava com um vestido vermelho e uma sapatilha preta. E o meu cabelo estava preso em um coque.
     - Maravilhosa como sempre. - responde Carlos.
     Enquanto as meninas adolescentes da minha idade usavam salto alto, eu era obrigada à usar sapatilha. Porque não dava para usar salto alto quando você tem que ficar em uma cadeira de rodas.
     - Vamos? - fala Carlos e me guia até o carro.
     Nós iríamos à festa de um colega nosso do colégio. Essa seria a minha primeira festa depois do acidente (a minha primeiro festa em uma cadeira de rodas). Eu sabia que seria difícil, mas precisava me divertir. Ir a festas era o que eu mais gostava de fazer às sextas-feiras à noite.
     Chegamos na festa, e logo encontramos o aniversariante. Demos-lhe parabéns, os presentes, e entramos. Tinha muita gente, todo mundo se divertindo, menos Carlos e eu. Nós ficamos sentados horas e horas em uma mesa e observávamos as pessoas dançarem.
     Onde que eu estava com a cabeça quando quis vir para a festa? É óbvio que se eu não posso dançar, não posso me divertir. Fiquei com pena de Carlos, ele ficava olhando as pessoas dançando e estava com a maior vontade de ir lá também, mas não, ele ficava me fazendo companhia.
     - Vou ao banheiro. - digo.
     - Quer que eu te leve até lá? - pergunta ele.
     - Não, eu consigo sozinha ir andando pelo lado, aonde não tem muita gente.
     - Ok.
     Saio da mesa e vou em direção ao banheiro. Chegando lá, observo que umas meninas ficam me olhando o tempo todo, com um certo espanto. Mas eu não as dou bola e entrou no lugar que é o banheiro para deficientes.
     Quando saio do banheiro passo no bar para pegar uma bebida. Eu só tinha 15 anos, mas bebia moderadamente. Não enchia a cara com a maioria das pessoas, só não resistia a uma Smirnoff. Boto a bebida entre as pernas, eu vou me movendo com a cadeira de rodas até a mesa que Carlos está.
     Vejo que tem mais alguém com ele na mesa, a pessoa vira o rosto e percebo que é Manuela, a pessoa que mais me odeia nessa vida. Manuela e eu éramos amigas ano passado, tivemos uma briga feia, e agora ela faz de tudo para acabar comigo.
     Logo que me vê, ela sai da mesa e vai para outro lugar. Ela me odeia ainda mais porque estou namorando com Carlos, e Manuela era apaixonada por ele.
     - O que ela queria? - pergunto.
     - A Manu me viu aqui e pensou que eu estivesse sozinho, mas falei que você tinha ido no banheiro. - me doeu quando ele falou o apelido dela, mas não demostrei o meu ciúme.
     - Hm... - digo, fingindo estar tudo bem.
     Depois de algum tempo canso de ficar olhando as pessoas dançarem, se divertirem... Virei para Carlos e disse:
     - Vamos embora, ou você quer ficar mais um pouco?
     - Não, vamos embora. - quando ele diz isso, pego o meu celular e ligo para o meu irmão nos buscar.
     Já estamos dentro do carro, e pergunto para ele:
     - Quer dormir lá em casa hoje?
     - Sim. - responde ele. 
     Chegamos em casa e vamos para o meu quarto. Eu nunca tinha dormido junto com o Carlos antes, apesar de estarmos namorando a bastante tempo. 
     Ele me ajudou a botar o meu pijama e me colocou na cama. Logo depois se deita ao meu lado. Nós nos beijamos. Ficamos ali agarrados por bastante tempo até que caímos no sono. Não aconteceu nada demais, eu ainda tinha 15 anos e não estava pronta para perder a minha virgindade.
     Abro os olhos, olho pela janela, e já é de manhã. Olho para o lado, e vejo que Carlos não está. Começo a me preocupar, até que...

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