quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Capítulo 11

Vejo Carlos e Manuela se beijando. Sim, aquela Manuela que fora minha amiga e que agora é a minha pior inimiga. O meu coração se espatifou em mil pedaços. Isso não poderia estar acontecendo, disse para mim mesma. Mas estava acontecendo, era real.
     Comecei a chorar. Todos que estavam na Praça de Alimentação olham para mim, principalmente Carlos e Manuela que pararam de se beijar e olharam em minha direção. Vi Carlos vindo até mim, mas sai dali com a minha cadeira de rodas o mais rápido que pude. Abri espaço entre as pessoas e sai do Shopping. Olhei para trás e vi Elisa e Carlos conversando. Logo Elisa vem ao meu lado e me diz:
     - Ele queria falar com você, mas eu disse que era melhor não. Eu vou ligar para o seu irmão, ver se ele está perto daqui, para ele nos levar para a sua casa. Por enquanto respira e tenta ficar calma. - Elisa pegou o celular e ligou para o meu irmão, e eu tentei me aclamar. Mas eu não conseguia, não conseguia controlar os meu sentimentos, não conseguia evitar que lágrimas e mais lágrimas caíssem dos meus olhos.
     O meu irmão chegou, ajudou a me colocar no carro, e não perguntou o que tinha acontecido e nem porque eu estava chorando sem parar. E achei que ele fez certo, porque eu não estava com a mínima vontade de explicar nada a ninguém.
     Chegamos em casa e Elisa foi comigo até meu quarto. Ficamos deitadas na minha cama até de noite, eu chorando, e ela me consolando. Como era bom ter alguém por perto quando acontecem coisas horríveis na sua vida.
     Dias depois Carlos me ligou, eu atendi. Ele falou que ainda me amava e se arrependia muito do que fez. Mas falou também que fez aquilo porque estava cansado de toda hora ter que cuidar de mim, guiar a minha cadeira de rodas, falou que era muito trabalho fazer essas coisas... 
     Eu até o compreendo, mas nada justifica uma pessoa trair a outra. Se não quer mais namorar, beleza, mas primeiro termina com a pessoa, e não fica com uma outra escondido. Eu não seria capaz de trair alguém, por mais que o meu amor tivesse acabado, eu seria fiel.
     Carlos queria continuar namorando comigo, mas depois do que ele fez, não sei se eu conseguira perdoá-lo. Ainda que ele me traiu com a minha maior inimiga, e isso era difícil de aceitar. Existe tantas pessoas para se ficar, e vai justo me trair com a pessoa que mais me odeia nessa vida.
     Eu descobri também que sábado de manhã, depois da festa que fomos, Carlos saiu cedo e foi na casa de Manuela. Ela me disse que os dois transaram, porque como eu ainda não queria perder a minha virgindade, Carlos queria perder a dele.
     Não sei se era verdade ou não, só sei que isso foi como se tivessem atirado uma bala em meu coração. Não perguntou para Carlos se isso era verdade ou não, eu não queria saber a resposta. Eu resolvi ficar solteira. Depois de duas semanas se passarem, o meu coração ainda estava em pedaços.
     Chego em casa depois da escola e percebo minha mãe sentada sozinha na mesa. Sento-me ao seu lado, começo a comer o almoço e estranhando a situação, pergunto:

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